Pedaços de nós mortos nas células dos ralos
Pedaços de nós vivos no brilho do olhar
Ingratidões nos orgulhosos que crescem
Carinho nos lixeiros que nos enaltecem
Levando o resto das mortes em nós
No desuso impúrio reduzido ao nada
Nas preguiças do egoísmo
E o que tem pés esquece do que roda
E roda tanto que à noite
Tem a mente acesa qual lua iluminada
E o corpo mais amortecido ainda
Do esforço colossal
Abissal...
E sabe que dói, mas passa
E tem na lembrança
O olhar de escárnio
Daquele que de cima o vê
E que o cimo desconhece
Sem nada entender
E o que tem astúcia usa e gasta
Sem gostar de nada ou ninguém
Pois sentimentos nega
E o que se faz importante
Na rede do seu próprio tear
Tecendo os fios do seu destino
No tráfego das influências
Nas confluências dos dias
No tráfico das vidas
Das vias
Vazias
Não desvia
E vai
Nas contradições morais
Na contramão do ser
Contrastes da vida e morte
Postos em todos nós
E morra o defeito agora
E viva o que de melhor houver
Nos pedaços de nós vivos
Nas células que são cegas
Pra esse orgulho tão duro
Pra esse egoísmo atroz
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lope