sábado, 7 de agosto de 2010

Entre Rainha e Mendiga


Fui rainha enquanto você viveu, meu amor
Coroada pelo seu carinho, pelo seu companheirismo
E da sua alegria ensolarada sempre, fosse ou não dia de calor
Participei, vivi, sorvi, e nunca mais me esqueci

Fui rainha enquanto você foi sinfonia
A mais bela melodia que me invadiu e que me conquistou
Na partitura da vida desde os tempos do além etéreo
Em que nós dois nos compromissamos por tudo que calou

Fui rainha nos teus braços, dançando pelos salões
Em que nossos corpos tórridos deslizavam de paixão
E no baile singular em que a música eram os sentidos
Sem maestro e sem rima, apenas em explosão

Fui rainha a cada dia, nas asas do êxtase
Em que você me carregava no colo e me colocava no mar
Na piscina, junto aos filhos, ou mesmo na languidez de nossos desatinos
E como, meu querido, deixar assim de relembrar, de reviver, de sonhar?

Fui rainha desde o dia em que o conheci
A partir de quando em todos os momentos estivemos juntos
E a partir de quando a ninguém mais foi dado o direito de ser
Mais importante e assim você sempre foi meu “ad-junto”

Fui rainha banida da coroa desde o dia em que você partiu
Viúva desconsolada pela perda e pela mais terrível dor
E desde então rastejo pelos caminhos das sombras tênues em conquistas
Mendiga das migalhas do nosso banquete de amor.


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário