sábado, 24 de julho de 2010

Muralhas Internas


As brisas deslocam fatos
Do ontem que chegam ao hoje
Em forma de ventania
Pedaços de sentimentos
Bordados dentro de mim
São dunas em plenas praias
Na minh’alma agitada
Sem porto e sem nem um cais
São feitas de grãos de areia
Que somados geram milhas
Sem visão por escotilhas
Desse teu medo dolente
Desse teu ser simplesmente
Amigo tão sem abrigo
Amigo órfão de amor
Sem choupana nem sapé
E hoje não reconheço
Nem teu verso nem tua fala
Porque a amargura cala
A minha decepção e dor
Recolhe-te como feto
Embrião posto em muralhas
No útero do desamor
Deserto do meu calor
Que nas noites e nos dias
De solidão tão presente
Ao teu redor firmemente
Era teu lume e teu cetro
Pondo-te como um rei
E esse lume apagado
Assim por ti descuidado
Fez que de forma latente
Sumisses dentro de mim
E o teu eco longínquo
Em tuas próprias muralhas
Será sempre tua fala
Voltada somente a ti

.......

Dunas em vendaval

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

2 comentários:

  1. "Em tuas próprias muralhas
    Será sempre tua fala
    Voltada somente a ti"

    É importante demais não se ausentar quando se deveria fazer-se presente.
    É importante não se fechar ao Mundo dentro de sua própria muralha.

    Beijos Márcia!

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  2. Márcia, grande poeta. Fico muito feliz ao ver que a poesia está viva e forte em pessoas como você. Parabéns e obrigado pela sua sensibilidade e lirismo.
    Abraço do Amorim

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